04/02/2009

Tempo

Quando se passa do prazer à dor sentimo-nos em mudança. Mesmo quando não somos capazes de estabelecer uma relação entre os dois termos da mudança. Na sua origem, o curso do tempo é a distinção entre o que se quer, entre o que se deseja e o que se possui. Reduz-se, assim, à intenção seguida por um sentimento. Não se sente, senão, por instantes. O sentimento do tempo, a duração, não é homogénea. É feita da poeira de instantes. Deve-se a um grupo de instantes que ficam rigidamente ligados pela perspectiva. Pelo traçado da memória humana. O sentimento do tempo, de duração, é o da ordem das lembranças. A sua representação deve-se a uma arte: a memória.

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